domingo, 23 de outubro de 2022

Ela na primeira infância

 Hoje precisei escrever.Falar sem som. Sem porquê. 

Ela chegou em maio. Já tinha um irmão. Moravam numa casa que o pai levantara o alicerce e continuou pagando o lote. Boa e amiga vizinhança a não ser pela escola que ficava ao lado e alguns alunos passavam pela divisa de cerca de arame e usava a água da cisterna. 

Um ano depois mudaram. Viveram em reforma durante quase dez anos.

A irmã nasceu e sua primeira escola foi em frente a casa, um maternal. Ela e o irmão começaram com seis anos. Tinham os cabelos com o mesmo corte, uma barbeiro do setor fazia o serviço. Ela nunca gostou.

Ela amava fazer as tarefas que o irmão trazia pra casa. Assim, quando entrou no Pré escolar, foi transferida para o primeiro ano. A professora chamou a mãe e disse que Ela poderia ser alfabetizada. 

Ela foi para aquela fila de alunos e uma menina disse: você é menino ou menina. Ela percebeu que os alunos eram separados em fila de menino e de menina. Ela não sabia. Ela sabia que não usava brincos pois seu pai era contra furar as orelhas. Ela tinha os cabelos curtíssimos igual seus irmãos. Ela nunca se esqueceu. 

Seu  irmão mais velho não raras vezes brigava com os colegas na escola. Ela amava estudar. Quando a tarefa de casa era pesquisa, a mãe mandava o irmão ir até a escola e Ela ficava esperando. O irmão copiava rapidamente para ir brincar com os colegar e Ela chorava diante da letra ilegível do irmão. 

O irmão se metia em trocas, confusões e brigas se socos com os colegas. Um dia trocara figurinhas por um revolver de plástico e issso rendeu socos e mães na escola.

Não participava, de festas juninas. Seu pai não gostava de sair e a mãe achava um gasto imenso. A irmã mais nova conta que Ela não quis ensaiar com um colega japonesinho e por isso nunca participaram das festas. 

Ela participou de festas juninas depois de seus quinze anos e foram muitas  e foram lindas.

A lembrança de perguntar pra tia Amélia como escrevia "jogo" e de encontar o irmão de castigo atras da porta da sala de aula são eternas.

Algumas amigas marcaram  sua vida nessa fase. 

A madrinha era um de seus amores. Tão presente.

Sempre nos finais de semana visitavam a avó paterna sábado `as 16 horas e a avó materna domingo às nove horas. Raramente às avós os acompanhavam para passar uns momentos juntos.

Sua avó materna tecia vestidinhos de crochê. Ela sonhava em vestir-se com algum e aprendeu a tecer com a tia entrando assim para o mundo das agulhas mesmo com contrariedade da mãe que dizia que iria piorar o problema de visão em Ela.

Toda ida no barbeiro era um trauma para Ela ir para escola. Ela se achava muito feia com os cabelos igual ao do irmão; 

Os aniversários eram compartilhados com a tia que lhe ensinara a fazer crochê, a tia que lhe dera seu primeiro estojo de maquiagem;

Ela gostava de cuidar dos filhos da tia, mais brincava que cuidava. O quintal era grande, de esquina. A casinha de madeira era azul e cabia várias amiguinhas. Lélia e Lília vinham brincar. Núbia era  mais próxima da irmã mais nova.

Ela era tímida assim como irmã mais nova. Escondiam embaixo da cama quando chegavam visitas. Tinha muito vergonha dos amiguinhos do irmão. 

A irmã mais nova a chamava de braço queimado ou perna cabeluda. Brincavam juntas. Eram unidas.

Ela sofreu doença de infância até oito anos que lhe rendia noites fraquesa, ausencia na escola e atenção dos pais.

Ela terminou a quarta série e mudou de escola.


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